Coleção IEB-USP (Banco Santos)

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Um Pouco Mais Sobre o Acervo: Você sabia que ele contem mapas neerlandeses?

O acervo do Banco Santos também é composto por mapas neerlandeses produzidos no final do século XVI e durante o século XVII. Neste período, a República das Províncias Unidas (como eram então chamados os atuais Países Baixos), tornou-se o centro tipográfico e cartográfico da Europa, em grande medida pela posição ocupada por Amsterdam nas redes comerciais globais.

A coleção possui exemplares das principais casas editoriais neerlandesas, como a dos Hondius, dos Blaeu e dos Visscher. Os mapas e vistas aí incluídos dão testemunho das transformações matemáticas e geométricas pelas quais a cartografia europeia passou na virada dos séculos XVI e XVII. Também apresentam uma rica iconografia inserida em seus cartuchos e vinhetas, o que põe em relevo a íntima relação que então havia entre a cartografia e a pintura.

Parte dos mapas neerlandeses do acervo refere-se ao período de ocupação das capitanias do norte do Estado do Brasil pelas tropas da Companhia das Índias Ocidentais. A guerra, que teve início com a ocupação de Salvador em 1624 e terminou com a expulsão dos neerlandeses do Recife em 1654, impulsionou a produção de uma extensa cartografia sobre as regiões ocupadas. Encontra-se na coleção, por exemplo, exemplares do mapa produzido por Georg Marcgraf e editado por Joan Blaeu – uma das representações mais minuciosas das capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande.

 

 

 

 

 

Conheça a trajetória de sua criação:

As novas informações digitais e os novos programas de georreferenciamento transformaram as condições de pesquisa da documentação cartográfica produzida em séculos passados. No entanto, além das inovações da era digital, historiadores, geógrafos, etnógrafos, linguistas e urbanistas têm adotado diferentes procedimentos de análise, principalmente questionando as ilusões de objetividade e cientificidade sugeridas pela representação cartográfica. A Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP é uma ferramenta de pesquisa com o objetivo de contextualizar as condições de produção e disseminação da documentação cartográfica. Estudos recentes têm buscado reconstruir os circuitos de produção, circulação e apropriação de mapas (manuscritos e impressos) nos contextos mais diversos. As novas abordagens concebem os mapas "antigos" como objetos culturais totais, produtos de uma ampla rede de comunicação social que conectava diferentes atores e tradições culturais.

Nas últimas duas décadas, a noção de autoria de mapas tem sido compreendida de maneira cada vez mais abrangente. Os mapas são obras coletivas por excelência, resultado de múltiplas autorias que incluem, além de cartógrafos, designers, gravadores, ilustradores e, eventualmente, até mesmo editores. A Biblioteca Digital de Cartografia Histórica da USP reúne a coleção de mapas impressos doada ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), por ordem do Tribunal Federal do Estado de São Paulo. Além de disponibilizar mapas em alta resolução, o site oferece informações geobibliográficas, biográficas, técnicas e editoriais, bem como entradas explicativas que buscam contextualizar o processo de produção, circulação e apropriação de imagens cartográficas.

O conceito da Biblioteca Digital foi desenvolvido pela equipe do Laboratório de Estudos de Cartografia Histórica (LECH), da Cátedra Jaime Cortesão, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP), e executado pelo Centro de Informática de São Carlos (CISC/USP), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP. Além disso, a equipe do Instituto de Estudos Brasileiros – IEB realizou a digitalização dos mapas, sendo também responsável por sua conservação.

O banco de dados de cartografia digital também tem o objetivo de ser uma ferramenta de pesquisa que facilita a construção de novos mapas com finalidade didática. Buscamos investir nossos esforços na modelagem de um sistema de informações geográficas que gere visualizações das dinâmicas territoriais observáveis em registros cartográficos e não cartográficos. Seu principal objetivo é estimular a reflexão interdisciplinar e a formação de novos pesquisadores qualificados para o uso crítico da documentação cartográfica.

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New digital information supports and new geo-referencing programs have transformed the research conditions of cartographic documentation produced in past centuries. However, beyond the innovations of the digital age, historians, geographers, ethnographers, linguists and urban planners have been adopting different analysis procedures, mainly questioning the illusions of objectivity and scientificity suggested by cartographic representation. The USP’s Historical Cartography Digital Library is a research tool, aimed at contextualizing the conditions of production and dissemination of cartographic documentation. Recent studies have sought to reconstruct the circuits of production, circulation and appropriation of maps (handwritten and printed) in the most diverse contexts. The new approaches conceive of “ancient” maps as total cultural objects, products of a broad social communication network that connected different actors and cultural traditions.

In the last two decades, the notion of authorship of maps has been understood in an increasingly comprehensive way. The maps are collective works par excellence, the result of multiple authorships that include, in addition to cartographers, designers, engravers, illustrators and, eventually, even editors. The USP’s Historic Cartography Digital Library brings together the collection of printed maps given to the Brazilian Studies Institute (IEB/USP), by order of the Federal Court of the State of São Paulo. In addition to making maps available in high resolution, the site offers geobibliographical, biographical information, technical and editorial data; as well as explanatory entries that seek to contextualize the process of production, circulation and appropriation of cartographic images.

The concept of the Digital Library was developed by the team from the Laboratory for the Study of Historical Cartography (LECH), from the Jaime Cortesão Chair, Faculty of Philosophy, Letters and Human Sciences (FFLCH/USP), and carried out by the São Carlos Informatics Center (CISC/USP), with the support of São Paulo Research Support Foundation – FAPESP. Furthermore, the Brazilian Studies Institute – IEB team performed the
digitization of the maps, being also responsible for their conservation.

The digital cartography database is also intended to be a research tool that facilitates the construction of new maps with a didactic purpose. We seek to invest our efforts in modeling a geographic information system that generates visualizations of territorial dynamics observable in cartographic and non-cartographic records. Its main objective is to stimulate interdisciplinary reflection and the formation of new researchers qualified for the critical use of cartographic documentation.